sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Chuva no Aqueduto


Novembro, chovia que era uma coisa doida, estava muito frio, eram mais ou menos duas da tarde quando estacionei o meu carro junto ao aqueduto das águas livres. Na altura ainda não tinha conhecido a Tânia e a minha vida sentimental era uma autentica montanha russa, cheia de altos e baixos, e tinha sido combinado com uma pessoa que ali nos encontraríamos, mas esperei e nada, ela simplesmente não apareceu. Lá fora continuava a chover, menos do que quando cheguei, e as gotas no vidro pareciam lágrimas autenticas, pensei que a natureza estaria a chorar comigo, eu andava triste e sem muita vontade de nada. O dia estava como eu, cinzento e a chorar, eu juro que naquela altura não sabia muito bem qual era o meu lugar, e qual o meu papel na sociedade, andava triste pronto.
Sentado no carro, ouvia "whitin temptation", dava por mim a imaginar fora do meu corpo e voar por aquele céu cinzento, tentando olhar para baixo e perceber onde me poderia encaixar, pensava porque brincavam com os meus sentimentos, eu não merecia ser tratado como um boneco afinal de contas eu sou uma pessoa alegre e não poderia continuar assim.
A chuva ameaçava parar, eu lentamente abri os olhos e o vidro do carro estava coberto de pequenas gotas, como já escrevi antes, lembravam lágrimas. Na altura tinha comigo no carro uma Fuji S20 pro que veio a ser muito útil naquela situação, tirou esta foto que ilustra bem o estado da natureza nesse dia e o meu, cinzento e choroso. Mas ao fotografar o aqueduto em segundo plano, e ao ver a foto no monitor da maquina, resolvi seguir em frente, como as águas do aqueduto, seguir sempre em frente sem olhar para traz, e continuar a ser feliz e esquecer os momentos maus

Esta foto fez me correr livre como as águas no aqueduto...

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Pela Arcada


Era uma segunda feira de Janeiro de 2004, fazia um frio de rachar e sobre a minha cidade, a cidade de Évora caía um enorme nevoeiro. Eu tinha acabado de jantar e não me apetecia mesmo nada estar em casa. Eu tenho um pouco do sindroma de “I hate Mondays”, para mim é o pior dia da semana em todos os sentidos. Não consigo explicar porque, odeio e pronto.
Mas voltando a falar sobre aquela segunda feira, eu tinha em casa a minha maquina e o tripé, na altura fotografava com uma Canon EOS 5 para mim a melhor do seu segmento, com ela fartei me de viajar e se ela falasse imagino as histórias incríveis que ela contaria. Foram imensos anos só nós dois e histórias fotografadas. Então resolvi pegar na máquina e no tripé e sai em direcção á praça do Geraldo, mesmo no coração da cidade. A cidade estava mergulhada num intenso nevoeiro, pensei que poderia ficar interessante fotografar assim, mesmo podendo correr o risco de avariar a máquina por causa da humidade. Andei por ali provavelmente mais de uma hora, e acreditem eu na altura tinha 24 anos, e desde sempre que conheço a praça do Geraldo, mas naquela noite muitos pormenores que eu nunca tinha reparado, perante a minha objectiva me foram revelados. Na foto que coloco hoje aqui junto a este texto é exemplo disso, eu nunca tinha reparado que essa coluna estava assim trabalhada, que é diferentes de todas as outras colunas que formam as arcadas da praça do Geraldo, mas nessa noite todos esses pormenores me foram revelados, graça á minha maquina.
Estar ali no meio da noite, enfiado na neblina a fotografar fez me sentir imortal, intocável na minha arte, ou apenas um homem que sabe como se sentir feliz, com pequenas coisas, como é o caso de eu poder sair e fotografar, e por mais que possa estar triste nessa altura tudo passa.
Posso então afirmar que o trabalhar do diafragma se assemelha ao bater do meu coração…

Sou feliz porque tenho paixões, e sei perseguir sonhos…

quarta-feira, 27 de agosto de 2008


Já ia de saída do cais quando o barulho de um motor me fez olhar para traz, era uma pequena embarcação que fazia ondas no rio Sado. Então levei a máquina ao olho e registei aquele momento que me pareceu mais um pequeno momento perfeito que tenho imortalizado em algumas das minhas fotos.
O enquadramento era ideal, a luz estava óptima para o registo apenas me limitei a dobrar um pouco para poder tirar a fotografia, depois fiquei a olhar o pequeno barco ate desaparecer.
Como todas as minhas melhores fotografias, todas tem sentimentos associados, esta não foi excepção, todo aquele dia foi perfeito, um passeio á beira-rio logo pela manha, ver passar barcos, ouvir o som das gaivotas, consegui fotografar uns peixes á tona da água.
Depois sem querer encontramos aquele lugar, uma reserva natural do Rio Sado, onde existia aquele cais, boas fotos tirei nesse dia mas esta foi uma das que mais me marcou, provavelmente pelos tons ou pelo sentimento nela inerente, mas o que é certo é que haverei de lá voltar…

A maior parte das vezes não é a espera que resulta numa boa fotografia, mas sim termos todos os sentidos alerta para se poder agir no momento exacto, basta ouvir o que a natureza tem para nos dizer…